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quinta-feira, 29 de abril de 2010

Pelo céu e Pelo Inferno



Pelo céu e Pelo Inferno
De uma feita era já muito tarde, e a portaria do Céu estava a encerrar-se, por sinal São Pedro com um grande molho de chaves estava a torcer os ferrolhos das Celestes portas do Paraíso já tinha até um dos portões fechado quando ouviu mançamente do lado de fora ruídos de uns dedos que batiam discretamente O velho chaveiro, pois a cabeça por entre o portal:
— Que á lá camarada?
Era um rapaz ainda moço o rosto muito fresco, mas com uma melancolia nos olhos, como que se estivesse com saudades da terra:
—Quer entrar não é?
Perguntou São Pedro,
— Entre aqui pela portaria enquanto eu examino o livro do dia.
— É sempre assim vocês chegam sempre na última hora, quando expediente esta a encerrar-se:
— Mas eu morri a pouco e o caminho é longo:
— Longo! Mas quem se vê com a cacetada sou eu!
São Pedro, pois o óculo subiu na estante e pegou o livro, do dia:
— Diga lá como se chama?
— Manoel José da Silva do Maranhão morri hoje!
Manoel! Manoel! Manoel! Murmurou São Pedro folheando os papéis.
— Não há aqui um Manoel todos já está ai dentro o seu lugar é no inferno!
O que fazer se a gente depôs de morto não pode ficar ai as estrelas no olho da rua, o pobre finado tomou o caminho da casa do demônio.
Em lá chegando não encontrou nenhum São Pedro fechando portas. A recepção no inferno é diferente o expediente nunca se fecha, quando chegou havia uma grande multidão: A escrita do inferno é muito bem organizada em um quarto de hora pode saber todo o movimento da casa.
 Finalmente chegou a sua vez:
— Não faças cerimônias cavalheiro a casa é sua!
— Diga-me o seu nome?
— Manoel José da Silva do Maranhão! Morri hoje.
Não levou muito tempo. Para que o diabo lhe desencanasse.
— O seu nome não esta aqui o cavalheiro é do Céu: Mas eu já estou vindo de lá! E São Pedro disse que meu nome não estava lá,
— O senhor acaba de me dizer que São Pedro já estava fechando o expediente, quem nos garante que são Pedro com a pressa de ir se deitar examinou todos os livros, lá no Céu tem mais livros, aquela escrita está toda desorganizada São Pedro desorganizou tudo o senhor volta para o Céu o senhor morreu hoje tem que entrar hoje é de lei, olhe eu não lhe ofereço uma pousada aqui porque estamos de relações cortadas com os Celestes e não podemos hospedá-los.
O pobre finado voltou para céu. Encontrando tudo fechado bateu que quase arrebentou a porta, apareceu São Pedro sonolento esfregando os olhos:
—Você outra vez eu já lhe disse que o seu lugar é no inferno!
— Mas lá também não o foi encontrado meu nome talvez o senhor tenha se enganado tenha a bondade de verificar novamente!
Ele pediu com tanta humil­dade que São Pedro cedeu.
— Entre!
— Diga o seu nome?
— Manoel José da Silva do Maranhão morri hoje fui tratado pelo Dr. Bandeira.
Pelo Dr. Bandeira!
São Pedro deu uma pancada na testa:
— Porque não disse logo o seu nome esta aqui você tinha que morrer daqui a quinze anos. Mas foi tra­tado pelo Dr. Bandeira morreu hoje todas as pes­soas tratadas pelo Dr. Bandeira sempre morrem antes do tempo, mas sempre tem a recompensa do Céu

Li esta história quando tinha 11 anos de idade e decorei.
Foi escrita por Viriato Correia em parceria com João do Rio.
Do livro intitulado, Era uma vez.
☺Vicente de Paula

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