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segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

ADEUS MARABÁ!








ADEUS MARABÁ!



 



Literatura de cordel de Autoria de:



Vicente de Paula Lampião



Com: 20 estrofes e 120 versos em sextilha. Escrito em novembro de 2012.



Adeus Marabá!

Adeus Marabá! Adeus!
Estou partindo pra outro rincão
Deixo aqui muitos amigos
E também recordação
Foi aqui que fiz livros
E me vesti de Lampião

Fiz histórias lindas
Falei de gente do lugar
Participei de muitos eventos
Onde pude aprender e ensinar
Também fui candidato a vereador
Até pensei que iria ganhar

Todos me abraçavam
E diziam – Venha cá meu Lampião
Beijavam-me no rosto
E faziam esta menção
‒ “Você já está eleito”!
Pra câmara de legislação

Eu acreditei nas promessas
E não contava com a traição
Mas fiquei decepcionado
Quando chegou o dia da eleição
Só tive trinta e cinco votos
Ninguém votou no Lampião

Com isto fiquei envergonhado
Por isto deixo esta cidade
Irei embora pra outras terras
Procurar felicidade
Porque fiquei oprimido
Com tamanha falsidade

Na verdade em Marabá
Ninguém ganhou eleição
Os votos foram bem pagos
Com moedas de cifrão
Quem tinha dinheiro se elegeu
Quem não tinha ficou sem ação

Eu tinha muitos projetos
E queria ver a realização
Ma os eleitores não votaram
Não acreditaram no lampião
Que iria trabalhar sério
E combater a corrupção

Fui camelô em Marabá
Na feira, 16 anos trabalhei.
Que os feirantes iriam votar
Muitas vezes eu pensei
Mas nenhum votou em mim
Foi isto que constatei

Em Marabá têm muitos feirantes
Mas não existe união
É um querendo derrubar o outro
Para vê-lo cair no chão
Por isto estou indo embora
E fugindo da traição

Sempre ajudei a todos
Com acessória e orientação
Todos me procuravam
Pedindo uma solução
Quando surgiam problemas
Era eu que resolvia a questão

Sei que eles irão achar falta
Quando o problema aparecer
Mas que procurem outros
Que eles ajudaram eleger
Pois eu estarei bem longe
E não estarei aqui pra ver

Tinha dois candidatos feirantes
Que poderiam ganhar o pleito
Era o lampião e o Antonio Milton
Um excelente sujeito
Que vende suco na feira
E trata todos com respeito

Lampião e Antonio Milton
Representantes das feiras de Marabá
Juntos não tiveram 100 votos
Você pode comprovar
Que feirante não vota em feirante
É o que posso afirmar

Foi feita a vontade do povo
Ninguém pode reclamar
Votaram por dinheiro
E agora terão que agüentar
Serão quatro anos até 2016
Até a outra eleição chegar

Pra novamente vender os votos
Para aqueles que gostam de comprar
Nesta eleição custaram cem reais
Na certa na outra vai aumentar
Eu já não estarei mais aqui
Pois estou indo pra outro lugar

Trinta e cinco eleitores
Votaram no Lampião
A eles eu agradeço
E lhes peço perdão
Porque estou indo embora
E saindo da região

Mas poderão contar comigo
Em qualquer ocasião
De onde eu estiver
Darei-lhes atenção
Deixo aqui o meu abraço
E um aperto de mão

Aos vendedores de votos
Também deixo o meu recado
Espero que eles entendam
O quanto fez errado
Gastaram logo o dinheiro
E agora estão ferrado

Os compradores de votos
Não têm compromisso com o eleitor
Os votos foram pagos
Com dinheiro de valor
Quem vendeu não pode nada exigir
Do candidato vencedor

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