Tenório Cavalcanti (O Homem da Capa Preta)
Natalício Tenório Cavalcanti de Albuquerque (Quebrangulo, 27 de setembro de 1906 ┼ 5 de maio de 1987) foi um político brasileiro com base eleitoral no estado do Rio de Janeiro
Tenório possuía um estilo político agressivo, muitas vezes violento. Isso rendeu a ele uma aura de mito. Foi eleito deputado estadual e deputado federal do Rio de Janeiro, tendo quase vencido também para governador do estado. Sua vida inspirou o filme "O Homem da Capa Preta", filmado em 1986 por Sérgio Rezende e estreado por José Wilker no papel de Tenório Cavalcanti.
Nascido em Alagoas, mudou-se ainda criança para Duque de Caxias no fim dos anos vinte. Sua infância fora humilde, na maior parte passada no sertão nordestino. Na época de sua chegada no Rio, Duque de Ca¬xias era apenas um gueto cruzado por ruas de terra batida. Habitado na maior parte por migrantes nordestinos, a região era desprovida de qualquer infra-estrutura ou saneamento básico, sendo apenas uma enorme favela horizontal de loteamentos pantanosos, infestados de mosquitos.
Seria naquele gueto, a Baixada Fluminense, que Cavalcanti garantiria seu poder político. Como deputado estadual, o homem da capa preta providenciou diversas melhorias para a população local, buscando também instalar as dezenas de milhares de migrantes nordestinos que vinham diariamente para o Rio de Janeiro em busca de condições melhores de vida. Suas obras políticas renderam-lhe muitos aliados e eleitores pelas favelas de Caxias, apoio este que o levaria a ser eleito deputado federal. Pelos cabos eleitorais, Cavalcanti fora conhecido com "Rei da Baixada"; pelos rivais, era tachado de "O Deputado Pistoleiro". Devido aos cons¬tantes riscos de morte, Tenório e sua família habitavam uma fortaleza na Baixada Fluminense. No entanto, jamais se recusava em caminhar pelas ruas do gueto, andando sempre armado e acompanhado de capangas.
As aspirações e os planos políticos de Cavalcanti chocavam-se violentamente com o das elites de Duque de Caxias. Isso lhe rendeu diversos desafetos, muitos dos quais culminaram em atentados à vida dele e à de seus familiares e aliados. Em casos como este, Cavalcanti mandava matar quem o desafiasse. Um destes fora o delegado paulista Albino Imparato, convocado às pressas pela elite de Caxias para que freasse o populismo e a agressividade do homem da capa preta. Com a chegada de Albino, Cavalcanti e seus aliados foram perseguidos de forma implacável. Sua casa fora metralhada, seus familiares ameaçados e alguns de seus comparsas assassinados.
Em um encontro para tentar acalmar os ânimos, Tenório diz ao Delegado que quer a paz, e que o fato de estarem conversando, poderia ser o início dela. Mas faz um aviso: "Não atiro a primeira pedra, mas respondo se houver provocação, afinal, toda ação corresponde a uma reação igual e contrária". Questionado por Imparato se aquilo era uma ameaça, Tenório responde: “Não, Delegado, é um príncípio da física”.
Até que, no dia 28 de agosto de 1953, o delegado Imparato fora encontrado me¬tralhado dentro de seu carro, no Centro da cidade. O crime despertou a atenção nacio¬nal. As investigações comprovaram a participação direta de Cavalcanti no crime. As duas residências do “homem da capa preta”, a fortaleza de Caxias e o apartamento de Copacabana, foram cercados por policiais fortemente armados. Com a intervenção de alguns nomes políticos de peso da época, o cerco fora desfeito. Intervieram Nereu Ramos, presidente da Câmara, Osvaldo Aranha, ex-ministro da Fazenda, e Afonso Arinos, então deputado e futuro senador, que foram a Caxias especialmente para defender o aliado.
A título de curiosidade, Tenório andava sempre ao lado de sua "Lurdinha", uma submetralhadora MP- 40 de fabricação alemã, similar àquelas utilizadas por soldados nazistas durante a segunda guerra mundial. Esta arma foi um presente do general Gois Monteiro.
Tenório Cavalcanti candidatou-se para o cargo de governador da Guanabara em 1960 pelo PST, mas perdeu as eleições para Carlos Lacerda. Candidatou-se a governador do Estado do Rio de Janeiro em 1962, perdendo para Badger da Silveira. Estes fatos, somado às pressões cada vez mais fortes das elites de Caxias, solaparam o poder de Cavalcanti, que lentamente cairia no esquecimento. Antes disso, protagoniza¬ria um dos episódios mais tensos da história política brasileira.
Na ocasião, Cavalcanti, ainda no mandato de deputado federal, discursava na Câmara dos Deputados. No discurso, acusava o então presidente do Banco do Brasil, Clemente Mariani, de desvio de verbas. Antônio Carlos Magalhães, então deputado e baiano como Mariani, defendera o conterrâneo
respondendo que "vossa excelência pode dizer isso e mais coisas, mas na verdade o que vossa excelência é mesmo, é um protetor do jogo e do lenocínio, porque é um ladrão".
Tenório Cavalcanti, então, sacou o seu revólver e berrou: "Vai morrer agora mesmo!". Todos os membros da Câmara Federal correram para tentar impedir o assassinato. Segurando o microfone, Antônio Carlos Magalhães não se deu por vencido, mas tremendo de medo, gritou: "Atira!". Antônio Carlos Magalhães no momento teve uma incontinência urinária e molhou as calças. Tenório, rindo ao ver a poça no chão, resolveu não atirar. O deputado Tenório Cavalcanti teve suas armas apreendidas e seus direitos políticos cassados pelo governo militar em 1964 com a interveniência direta de ACM, que era aliado da ditadura militar. Fontes do movimento estudantil garantem que o então presidente da UNE (União Nacional dos Estudantes), José Serra, chegou a se esconder em sua fortaleza na primeira noite do golpe. Tenório jamais recuperaria seu poder, tendo morrido de pneumonia aos 82 anos, em 5 de maio de 1987.
Comentário: Conheci muito bem Tenório e o admirava muito. Era homem sério e honesto Tenório é primo de meu cunhado, chamado Genil Monteiro Cavalcante.
☺Vicente de Paula.
☺☺☺☺☺☺☺☺☺☺☺☺☺☺☺☺☺☺
Nenhum comentário:
Postar um comentário